Dawnbringer – Nucleus (2010)



Há quanto tempo um álbum memorável de metal tradicional não é lançado? A exceção de alguns suspiros superestimados de bandas clássicas, praticamente nenhum material novo no estilo empolga. No máximo, alguns revivals requentados que só agradam aos mais ferrenhos saudosistas. Ao que tudo indica, o heavy “de raiz” está praticamente enterrado. A velha e simples fórmula que tanto deu certo nos anos oitenta, de tão explorada, chegou ao seu limite. Certo?

Não necessariamente. Sempre é precipitado apontar a morte de algum gênero do metal. O estilo já provou inúmeras vezes que é capaz de se reinventar e superar-se, seja absorvendo influências externas ou buscando inspiração nas bases mais profundas de sua estrutura. Ainda que aparentemente inerte, qualquer ramificação temporariamente estagnada pode voltar a dar grandes frutos.

Se a raiz da música pesada está em tempos mais antigos, vinda da semente plantado por nomes como Cream, Jimi Hendrix, The Who e Blue Cheer, o tronco, o eixo principal de uma suposta ‘árvore do metal’ é constituído em sua camada mais interna de uma overdose britânica comandada por Black Sabbath, Iron Maiden, Judas Priest, Motörhead e Venom. Revestindo esse núcleo, encontram-se Metallica, Slayer e seus colegas de Bay Area. A partir daí, formaram-se inúmeras galhos, alguns vindos da Flórida e seu death metal, outros passeando pelas estepes geladas do black metal nórdico e por mais inúmeros caminhos.

Na busca constante pela inovação, enquanto a maioria concentra seus esforços em um processo alquímico de misturas e dissoluções estilísticas, o Dawnbringer, de Chicago, em seu último álbum, preferiu revisitar o passado glorioso do nosso tão amado gênero – e andou pela tal árvore praticamente toda. Saiu das antiguíssimas origens, salpicadas em doses pequenas; firmou o pé fortemente na era de ouro da NWOBHM e do thrash metal, remetendo por vezes ao Black Sabbath; em alguns momentos transpôs a fronteira do tradicional para alguns raros passeios pelo metal extremo. Impossível não destacar também os títulos das faixas, deliciosamente clássicos.  The Devil, Old Wizard, Like an Earthquake, Swing Hard… Denunciam ou não um grande apreço oitentista?

Mais importante de tudo: apesar de serem evidentes veneradores da era clássica, esses americanos não soam nem um pouco como cópias. Imprimiram sua identidade em cada uma das faixas, de modo que todas as referências já citadas sejam facilmente notadas, mas sem nunca sobrepujar a presença de um som próprio. Todos esses fatores configuram Nucleus como um álbum definitivo, dos melhores que essa década passada ofereceu-nos.



 Por Rodrigo Menegat
Dawnbringer – Nucleus (2010) Dawnbringer – Nucleus (2010) Reviewed by Alexandre on 13:49 Rating: 5

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