Novembers Doom - Discografia comentada

No final dos anos 1980 surge o Laceration, banda de Death Metal que teve seu nome alterado em 1992, tornando-se o Novembers Doom e mudando sua orientação sonora para o Death/Doom Metal. Aclamados pelo sucesso nos anos 2000, os americanos participaram de algumas coletâneas e lançaram um livro contando parte da carreira da banda. Um dos ícones do gênero, o caras mudaram de formação diversas vezes e apenas seu vocalista e fundador, Paul Kuhr, permanece desde a formação original. Falando sobre os álbuns:

Amid Its Hallowed Mirth (1995)

Esquecido por muitos, esse disco tinha tudo para ser um clássico. Denso, sombrio, lento e extremamente competente, nos mostra uma aula de Death/Doom Metal. As letras poéticas e a interpretação do vocal também auxiliam a criar a atmosfera perfeita para a obra.
Em 2008 houve um relançamento do disco, com uma nova capa e com seis músicas retiradas de duas demos do grupo.

Música para ouvir: My Agony, My Ecstasy

Of Sculptured Ivy and Stone Flowers (1999)

Quase uma extensão do primeiro álbum, o segundo lançamento dos americanos difere em uma produção mais limpa e composições ligeiramente mais rápidas. Mantendo o lirismo e as influências setentistas do disco anterior, Of Sculptured Ivy and Stone Flowers garante a entrada da banda para o caminho até o topo. Relançado em 2008, com três músicas extras, porém sem a faixa Before the Wind.

Música para ouvir: For Every Leaf That Falls

The Knowing (2000)

Lançado apenas um ano após seu antecessor, The Knowing marca uma mudança positiva para a banda: a decisão de utilizar completamente sua capacidade de criação, independente do que ocorra a partir daí. Essa nova "doutrina" dos músicos não alterou o estilo da banda, somente nos mostrou um instrumental mais pesado, tirando o desequilíbrio para o Doom Metal que ouvíamos até então. A partir daqui temos a banda como ela deve ser conhecida.

O disco é conceitual e trata sobre um homem que acorda um belo dia e percebe que tem todas as respostas para tudo, em absoluto. As músicas falam sobre sua luta para lidar com isso e a descoberta de que as pessoas que ele considera mais próximas de si não são confiáveis. As composições são belíssimas e refletem o sofrimento da personagem; Paul Kuhr, como sempre, esbanjando técnica e sentimento. Segue um trecho da faixa Aura Blue:

Today, I am a different man, yesterday was meaningless.
I once saw with the sight of a God,
and I hear the voices pray.

Tomado por um profundo clima de depressão, é um disco para ser ouvido com atenção e, se possível, com o entendimento das letras.

Música para ouvir: Last God

To Welcome the Fade (2002)

Depois de um álbum conceitual, temos a oportunidade de ouvir um pouco sobre a história do idealizador e líder da banda. Sim, o quarto trabalho dos caras fala um pouco sobre a vida do senhor Kuhr. Com toques mais amplos de Melodic Doom e uma participação mais clara do vocal feminino, somos apresentados à melancolia lenta e profunda que resume o álbum. Talvez por se tratar de um álbum "pessoal" demais, alguns trechos destoam do todo e o disco, no geral, fica prejudicado por deslizes e excessos. Não é ruim, porém poderia ter sido melhor trabalhado.

Música para ouvir: If Forever

The Pale Haunt Departure (2005)

Um disco pouco tradicional e porta de entrada para muitos ouvintes. O lado melódico/melancólico da banda é mostrado de forma maestral, com peso, ambientação e clareza na medida certa. Riffs longos e um bela execução vocal marcam o álbum, que é o segundo conceitual da banda. A história por trás das faixas fala sobre um pai morto que volta como um fantasma para acompanhar seu filho. Um sentimento paternal aos poucos vai dando lugar à um sentimento paranóico, doentio, de superproteção que beira à insanidade. O curioso é que, apesar de conceitual, há músicas que versam sobre a realidade dos membros da banda, como Swallowed by the Moon, por exemplo.

Música para ouvir: Autumn Reflection

The Novella Reservoir (2007)

Aclamado como o melhor álbum dos estadunidenses e, quiçá da década passada, esse disco realmente marca a banda e o estilo em definitivo. A diretriz que liberava o uso de toda a capacidade de composição dos músicos adotada a partir do The Knowing resultou nessa obra prima lançada em 2007. Ora voltados mais ao Death Metal, ora arriscando por baladas e influências bastante modernas, The Novella Reservoir nos mostra uma variação e fluidez incomuns para o gênero. Paul Kuhr nos mostra que também sabe (e muito bem) cantar sem utilizar guturais, o que se encaixa perfeitamente na perspectiva de um "Novembers Doom novo", fortemente ligado às raízes, mas nos surpreendendo a cada música. É um disco que agrada fãs de diversos estilos, mas fortemente criticado pelos adoradores mais tradicionais do estilo.

Música para ouvir: Leaving This

Into Night's Requiem Infernal (2009)

Com o lado melódico da banda firmemente atrelado ao som, esse disco nos traz de volta à uma sonoridade mais pesada, assim como guturais mais sombrios. O destaque do álbum fica para o trabalho na bateria e para a variação nas guitarras, que engrandecem o título. Um álbum bom, mas com poucos destaques na discografia.

Música para ouvir: A Eulogy for the Living Lost

Aphotic (2011)

O oitavo disco na carreira da banda, precedido por obras bastante diversificadas que dividiram opiniões no meio musical (e entre os fãs também). Diferente do que seria esperado, a sonoridade do álbum remete aos primeiros lançamentos, com uma composição mais crua, brutal, mas ainda assim sem deixar de soar melódico. Como um todo, é um trabalho mais completo, que atrai fãs antigos e mostra aos novos o potencial da banda, se utilizando de composições variadas e intensas, sem fugir muito do que se espera para uma banda de Doom/Death Metal.

Música para ouvir: What Could Have Been

Em resumo, uma discografia grande e bem definida, mas que não cai em repetições ou num tom monótono. O The Novella Reservoir é o álbum mais indicado pra começar, seguido pelo The Pale Haunt Departure. O debut pode ser deixado por último, a não ser pelos fãs de um som mais cru.

Ainda esse ano eles lançam um disco novo, Bled White, que com certeza terá um lugar reservado aqui no Scream Blog Gore.

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Por Alexandre Romansine