Top 10 EPs de 2014!

Extended Plays são álbuns curtos, poucas vezes passando dos quarenta minutos ou oito faixas, e popularmente conhecidos como EPs. Muito comum em lançamentos de bandas de Punk Rock e Indies, o formato tem espaço bem menor nas discografias vistas por aí, ainda que seja importante para as bandas.

O ponto importante aqui é a qualidade dos materiais lançados em 2014, que me surpreenderam positivamente, ao ponto de me fazer criar mais uma lista de indicações. Sem enrolar mais, seguem os dez melhores EPs desse ano:

10. Issues - Diamond Dreams (Metalcore/Pop Punk)


O Issues possui uma combinação detestável pra mim: som eletronizado enjoativo, um vocal tedioso e músicas genéricas, é a típica banda da "New Wave" americana do começo dos 2000. Apesar disso tudo, ouvi o disco todo mais de uma vez e achei o trabalho muito bem feito. Constante, bem produzido e menos mela cueca do que eu havia imaginado antes de escutar.

São oito músicas, uma delas em conjunto com Neck Deep, que variam do puramente comercial em Hooligans até o uso comedido de influências variadas em Diamond Dreams. A décima posição foi conquistada não pela qualidade das músicas, mas pela composição da obra, que me deixou uma boa impressão.

09. Vassals - Plaguestates (Post-Metal)


Apenas três músicas. Longas, com peso e construções variadas, vocais sujos e um clima parecido com bandas de Black Metal. Isso resume muito bem o EP, que tem quase meia hora de duração e não nos deixa na monotonia por um segundo sequer.

A questão de gênero é duvidosa, o vocal é característico de Sludge com uns toques de Noise, o instrumental é evidentemente Post-algumacoisa e a velocidade e andamento das músicas nos remetem ao Black e ao Doom Metal. Tudo é muito complexo, mas não é difícil absorver as músicas como um todo, é o tipo de som feito para fãs de metal extremo que não tenham medo de algo novo, ou até mesmo dissonante.

08. Infinite Defilement - Disemboweling The Divine (Brutal Death Metal)


O disco é introduzido por uma faixa instrumental, um prelúdio à destruição que vem pela frente. A segunda faixa já nos apresenta uma característica marcante e, por vezes, irritante: a bateria programada eletronicamente. Isso torna o som "quadrado" dentro de um estilo onde a variação não é exatamente um objetivo a ser alcançado. Guturais e linhas de guitarra um tanto simples completam a sonoridade dessa one-man band.

A temática apresenta algumas críticas políticas e visões apocalípticas, fugindo dos temas comuns ao Death Metal, não que isso seja minimamente captável através dos guturais. As seis músicas juntas não somam vinte minutos de porrada e caos, mas são suficientes para notarmos a base do BDM tocada à risca.

07. Fange - Poisse (Black/Sludge Metal/Noise)


O Fange surgiu em 2013 e esse é seu primeiro trabalho divulgado. Contando com apenas três membros e sem o uso de baixo nas composições, o grupo independente mandou bem nesse EP. As letras em francês acrescentam um toque exótico ao som, deixando-o mais instigante e violento.

Sonoramente o disco é recheado de distorções, berros, barulhos aleatórios e samples perdidos em meio a caótica combinação de peso, riffs curtos e sujeira. Poisse é uma mistura de grind de rua, violência gratuita, moshs incessantes e uma qualidade de gravação típica de filmes dos anos 1980. É um som feio, mal e detestável, que combina muitíssimo bem com cerveja e bares lotados.

06. Taake - Kulde (Black Metal)


Já falei brevemente sobre esse EP no Top 10 álbuns de Black Metal, mas vamos novamente dar o merecido destaque: Cold, um cover de The Cure bem inesperado, estranho quando ouvimos pela primeira vez, mas que vai conquistando seu espaço aos poucos. As outras três músicas diferem do "BM banjo style" que tornou a banda altamente reconhecida e são uma prévia do full lançado em sequência.

Det fins en prins, primeira música do disco, também aparece no Stridens Hus, porém ligeiramente diferente. Bruto, gélido e old school, Kulde tem o destaque merecido, apesar de ter apenas quatro faixas.

05. Metal Styx - Curuvar Firtalion (Symphonic Folk/Black Metal)


Saído diretamente do território russo, Metal Styx é outro grupo composto por apenas um membro. O lançamento desse ano é o quarto na carreira da banda e possui características bem definidas: ambientações voltadas para o Symphonic e vocais puxados para o Black Metal, ambos somando o "corpo" Folk das canções.

Curuvar Firtalion recebeu uma versão Heavy Metal e há um cover de Paranoid entre as cinco músicas lançadas. Apesar da originalidade, o EP não surpreende pela qualidade musical ou de gravação, mas é bastante competente dentro da proposta da banda, dando um novo ar ao folclore russo.

04. Frequency Of Butterfly Wings - The Weight Of Existence (Melodic Death/Doom Metal)


Segunda banda que se utiliza de bateria programada nessa lista, o trio iraniano me impressionou em 2011, quando lançaram seu debut. The Weight Of Existence tem cinco novas músicas que não ficam nada atrás do que a banda já lançou, o som é razoavelmente leve para o estilo, o que é compensado com altas doses de melodia e uma execução pra lá de competente em todas as faixas.

Com uma sonoridade única, o grupo não decepciona e atrai cada vez mais fãs, dos mais variados estilos. O destaque do EP fica para a música Re-living.

03. Mesopotamia Inc. - My Dark Great Fall (Symphonic Death/Doom Metal)


Mais um representante russo na lista, dessa vez com um primeiro trabalho. A banda é composta de um baterista, que faz os backing vocals, e um vocalista, responsável pelo resto do instrumental, composto eletronicamente. A sonoridade tem uma base no Death/Doom com várias construções sinfônicas e neoclássicas, além de um toque folclórico e uma dose ou outra de eletrônico.

Apesar dessa aparente bagunça bizarra, a banda não toma caminhos épicos ou vanguardistas, o som é bastante controlado e não se espalha por composições muito modernas. A faixa-título nos faz lembrar uma mistura de Cradle of Filth, Blind Guardian e toques sinfônicos e Folk dos anos 1990, tudo isso sem soar agressivo, megalomaníaco ou desconjuntado, enfim, um belíssimo trabalho da dupla.

02. Blue Stahli - The Devil (Chapter 02) (Alternative/Industrial/Pop Rock)


Influências eletrônicas, Pop e até de Drum'n'Bass fizeram essa one-man band ser o que é atualmente. As músicas são simples, cheias de samples e distorções eletrônicas, sem grandes exageros. Esse EP conta com apenas três músicas e onze faixas: The Beginning, Enemy, que recebeu outras seis versões/mixagens e Ready Aim Fire, com outras duas faixas além da original.

The Devil também possui os capítulos 1 e 3, somando mais de dez músicas juntos. A salada sonora que o americano construiu nesses lançamentos deve ser conferida por qualquer fã da mistura de rock e música eletrônica.

01. Gmoch - Dark Dead Tomorrow (Post-Death Metal)


Único disco dessa lista que foi resenhado aqui no blog, o Gmoch foi paixão a primeira ouvida. É uma revolução gigantesca em um estilo normalmente tido como monótono que carrega o estigma do "ame-o ou odeie-o".

Os cinco músicos poloneses conseguiram desconstruir, limpar, remodelar e reconstruir um estilo inteiro em apenas cinco faixas, sendo uma delas instrumental. Os quase vinte minutos que compõem o EP passam, infelizmente, rápido demais e nos deixam numa sede tremenda por um novo lançamento, ainda sem data prevista.

Muitas bandas desconhecidas, algumas novas, mostram que 2014 foi um ano recheado de coisas boas, mesmo quando elas pareciam terrivelmente erradas ou ruins. Essa lista é a menos pretensiosa das que virão até o final do ano, então preparem-se para mais listas!

Por Alexandre Romansine
Top 10 EPs de 2014! Top 10 EPs de 2014! Reviewed by Alexandre on 22:48 Rating: 5

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